sexta-feira, 2 de abril de 2010

RELATÓRIO PARCIAL DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO COLÉGIO MANOEL NOVAES NA PRIMEIRA INTERVENÇÃO DA PESQUISA EM CAMPO

PIBIC 2005 / 2006
Iniciação Científica
Orientação: Dr. Sérgio Farias
Roberto de Abreu
30 de outubro de 2005


RELATÓRIO PARCIAL DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO COLÉGIO MANOEL NOVAES NA PRIMEIRA INTERVENÇÃO DA PESQUISA EM CAMPO

As atividades do projeto de iniciação científica 2005 – 2006, sob orientação do Dr. Sérgio Farias, começaram, como havia sido previsto pelo cronograma, com as leituras acerca dos conhecimentos que vão gerir o foco dado no desenvolvimento da investigação em campo: A identificação do subtexto.
As referências principais são: Stanislavski, estudioso da arte teatral, encenador, e pedagogo, idealizador de uma poética na interpretação que conseguisse arrebatar o ator, e por conseguinte o público, sob a luz da emoção conseguida através do minucioso estudo da partitura dramática; e Eugênio Kusnet, ator russo e autor do livro “Ator e Método”, importante na difusão-aplicação e sistematização dos ideais “stanislavskianos” no Brasil.
Feitas as leituras, o grupo de pesquisa se reuniu para discutir a importância do projeto e o material que havia sido lido. Entre outras questões abordadas pudemos esclarecer princípios que podem nos remeter à ligação que pretendemos fazer dos resultados deste projeto com a área de teatro-educação. Discutimos que, se partirmos do pressuposto de que toda informação é um texto e todo texto, antes de elaborado, tem uma motivação para a sua elaboração, fica claro o quanto é importante para o cidadão, homem, consciente e preocupado com os caminhos do desenvolvimento social, saber identificar estas motivações que são geradoras deste mundo-texto. Nenhuma mensagem é ingênua. Toda comunicação, se estabelece uma ligação entre um emissor e um receptor, tem uma motivação, um subtexto. E se partimos para a sala de aula para discutir e instrumentalizar os educandos na busca dos subtextos de nossa dramaturgia, estaremos não só instrumentalizando o estudante de teatro para o teatro, mas sim para a vida.
Em campo fomos recebidos com muita hospitalidade pelo colégio Manoel Novaes. O contato foi estabelecido através da professora Andréa, que coordena as oficinas de teatro realizadas no espaço. Como ela está de licença para realizar os estudos do mestrado, fizemos o acordo de assumir o grupo da manhã, o qual ela não pode assessorar, até o fim do ano letivo. À nossa disposição uma sala e uma pequena biblioteca do grupo. Grupo composto por 14 jovens que estudam no turno vespertino e freqüentam a oficina no turno matutino. Concluídas as negociações fomos a campo.
O primeiro encontro com aspecto de primeiro encontro. Neste primeiro contato aproveitamos o espaço para apresentar o projeto de pesquisa e a equipe de pesquisadores. Numa grande troca, foi aplicado um jogo dramático para que pudéssemos nos conhecer melhor, neste jogo os estudantes cantaram, falaram algumas histórias de suas vidas com teatro e família, declamaram poesias, entre outras coisas. Para finalizar lemos um texto, um conto. O jogo consistia em cada um ler um parágrafo do conto, e terminada a leitura cada um devia reproduzir uma parte da história até que o enredo tivesse sido contado por completo por todos juntos (análise ativa).
A partir deste dia, começamos os encontros ordinários às segundas e sextas das 10 horas da manhã às 12 horas. Em duas horas de atividade, o resultado é pequeno ainda, mas sentimos a necessidade de manter o tempo de duração, ao menos inicialmente, para que fosse criada uma familiaridade com o grupo, que já não tem 14 integrantes desde a primeira reunião e sim 7 membros. Enquanto isso, íamos definindo o texto que iríamos trabalhar com o grupo na aplicação da metodologia para o estudo do texto no teatro, que desenvolvemos no projeto anterior, e chegamos finalmente a um texto de Millôr Fernandes, que se chama “A história é uma istória – e o homem é o único animal que ri”.
Entramos numa grande dialética para escolher o texto que seria estudado, mas foi consenso que ele deveria atender as seguintes expectativas: atualidade quanto à temática abordada, escrito por um autor nacional, proximidade com a linguagem dos educandos e potencialidade para identificação dos subtextos. O texto escolhido, para nossa satisfação atendia à todas as necessidades.
“A história é uma istória (...)” é uma comédia que conta como se aprende mal a história mundial. Desmistifica várias curiosidades e sensos-comuns formados ao logo da história e assume uma postura humana diante da construção de personalidades históricas que se tornaram cânones nos ditames de valores para a sociedade.
Durante a escolha do texto a equipe de pesquisa ofereceu um módulo de oficinas onde foram incluídas diversas atividades de preparação do ator que envolviam desde exercícios de práticas da expressividade corporal até estudos de mesa e aplicação de análises ativas de micro-textos. Depois da escolha começamos a oferecer material didático para subsidiar o entendimento do texto de Millôr, este material se propunha a questionar e avaliar a história com um olhar menos crítico que o olhar do dramaturgo.
Agora estamos desenvolvendo o primeiro passo da Metodologia: leitura individual do texto, onde os educandos, de posse do texto, fazem a leitura do mesmo em casa.
Nossa avaliação é de que o grupo está realmente contribuindo e progredindo com as atividades. O próximo passo é aumentar a quantidade de registros das atividades para posterior análise. Vamos gravar áudio das discussões sobre o texto na identificação das mensagens subliminares, fazer entrevistas com roteiros semi estruturados, e no fim do ano letivo uma avaliação geral com todos. Pretendemos conseguir completar o ciclo da metodologia com o tempo que nos resta, que é pouco, mas ainda que não consigamos chegar na encenação, já teremos um bom material para avaliar os impactos da instrumentalização destes estudantes na análise crítica e interpretação de textos.

EQUIPE:
Roberto, Flávia e Juliane